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Se havia alguma dúvida acerca da divisão interna no PDT santa-mariense, opondo de um lado o atual status quo, incluindo o presidente Marcelo Bisogno e a vereadora Luci Duartes, e o ex-reitor da UFSM e atual diretor geral da secretaria estadual de Educação, Paulo Burmann, ela acabou.
O colunista recebeu longo áudio de Bisogno. Nele, além de desabafar em relação à nota aqui publicada na semana passada (“PDT indócil”), que coloca as posições de militantes ligados a Burmann, deixa clara a divisão interna na agremiação e dá sua posição.
O que disse o presidente municipal do partido, pelo menos o que o escriba considera mais importante, você confere nesta e na nota a seguir, mais abaixo:
A dupla e o tempo: “temos uma vereadora eleita (Luci Duartes), que tem feito um grande trabalho, tem sido uma grande parceira, e desde 2016, quando assumi o comando do partido aqui na cidade, sempre esteve ao meu lado, me ajudando. Estamos desde aquele ano mantendo a força do PDT em Santa Maria, filiando muitas pessoas; colocamos o nosso nome para concorrer à prefeitura duas vezes (fizemos 10% dos votos); a vereadora foi eleita nas duas vezes. Então, nós temos um trabalho que a gente vem fazendo há bastante tempo.”
Sobre não fazer eleição e a situação formal: “estamos com a Comissão Provisória (e não permanente, eleita em convenção) porque a gente não fez eleições naquele ano de 2020, em que estourou a pandemia. O partido hoje está rigorosamente em dia na Justiça eleitoral, tanto quanto a contabilidade jurídica, financeira. Resgatamos um problema que havia na Receita Federal de muitos anos, que estava, inclusive, colocando o partido em risco.
Agora, seguinte: eu e a vereadora Luci defendemos a eleição, sim. Queremos uma chapa de consenso, mas se não tivermos, estamos prontos para fazermos a disputa, sem nenhum problema. Eu e a vereadora Luci temos mais de 700 fichas que nós não lançamos ainda, que a gente vem filiando desde o ano passado. A gente quer sim, se for o caso, fazer uma disputa, mas queremos primeiro formar um consenso.
Sobre o ex-reitor: respeitamos a figura do professor Burmann, mas entendemos que ele começou a participar e militar no PDT a partir de 2022. Até então, era um filiado de muito tempo mas que nunca tinha participado ativamente, contribuído diretamente, nunca havia colocado seu nome internamente para nenhuma disputa eleitoral na cidade.
Nós não concordamos que ele seja o nome hoje do partido. O meu está à disposição, o da vereadora Luci também, para qualquer disputa majoritária. O próprio professor pode colocar o nome, mas nós não temos esse consenso.
Ele está começando agora a caminhar dentro do partido, hoje inclusive o PDT de Santa Maria só tem um cargo no Governo do Estado, que foi contemplado ao professor Burmann, que está em Porto Alegre, como diretor geral da Secretaria de Educação. Nós não temos nenhum tipo de problema de ordem pessoal com ele nem com ninguém, mas deixamos muito claro: estamos com Comissão Provisória por que a gente não pode fazer eleição no período da pandemia.”
Atual presidente sobre o ex-reitor: “nada pessoal, mas não é nosso nome para 2024”
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Sobre eleição interna: “por mim, não teria problema nenhum de chamar uma eleição daqui 15 ou 20 dias. Eu e a vereadora Luci estamos prontos para formar uma chapa de consenso, ou disputar legitimamente, democraticamente. Vence quem tem mais filiados, quem tem mais votos internos, a gente pode fazer isso agora em abril, maio, junho, julho, em qualquer período do ano nós estamos prontos para essa eleição.”
“Exemplo” da Executiva estadual: “O que nós temos uma posição é que, como o PDT estadual há 11 anos não realiza eleição do seu Diretório, convenção para fazer a formação da nova Executiva e Diretório, nós estamos defendendo que primeiro essa questão seja resolvida. No momento que o PDT gaúcho marcar sua eleição, que a gente possa discutir, defender e disputar o partido internamente no Estado, nós estaremos fazendo aqui. É só essa a discussão.
Se o PDT estadual não realiza eleição, está com Comissão Provisória; se o PDT de Porto Alegre, capital gaúcha, há 6 anos está com Comissão Provisória; por que Santa Maria tem que antecipar esse processo? É só isso que está em discussão, não tem mais nenhuma outra.”
A eleição de 2024: mais de 25 nomes nós já temos preparados para o ano que vem. Então, se o professor Paulo Burmann (foto) quiser vir para se somar, não tem problema. Mas, neste momento, a gente não abre mão de uma chapa de consenso que a gente continue comandando o partido e que, no ano que vem, possamos ter dois, três, quatro nomes para apresentarmos para a cidade.
Eu já fui em duas eleições para prefeito. Nesse período, o professor estava lá na Universidade, não pôde nem nos ajudar. Já fiz esses dois sacrifícios importantes num projeto maior para o PDT. Então, se nós tivermos que vir para uma nova disputa, não tem problema. Quem já foi em duas vai em três, e se tivermos que ampliar nosso espaço para uma eleição que a gente possa ter chance de vitória, eu acredito que tanto eu quanto a vereadora Luci que estamos aí há bastante tempo a frente do partido; temos hoje mais crédito para nós nos colocarmos do que daqui a pouco o professor que tá chegando agora, que recém está começando a caminhada dentro do partido, conhecer um pouquinho do PDT interno.”
“Ele não é o nosso nome”: “a questão de ser filiado há bastante tempo não soma. O que soma é que o partido hoje em Santa Maria está vivo graças ao meu trabalho, ao da vereadora Luci e ao de algumas outras importantes lideranças do partido, um leque muito grande. Se nós dependêssemos todos da figura do professor Burmann, o partido tinha até encerrado as suas atividades em Santa Maria.
Não é nada pessoal, mas ele não é o nosso nome para o ano que vem, não simboliza o nosso PDT e nós temos que respeitar a vereadora Luci, que é a nossa vereadora, e o nosso nome. Já estamos a disposição do partido para a disputa majoritária, e quem mais quiser colocar, não tem problema.”
Luneta
MURMÚRIOS
É incrível o sentimento autofágico que perpassa a atuação da maioria dos partidos maiores em Santa Maria. Veja-se o caso do PP (o mais recente, noves fora o PDT). Um jovem edil, Pablo Pacheco, decidiu dar uma parada na disputa eleitoral, após primeiro e combativo mandato, e embrenhar-se pela normalmente espinhosa tarefa de dirigir a agremiação. E não é que já se ouvem murmúrios e muxoxos! Pooois é.
SEM QUÓRUM
Prevista para final de maio, início de junho, a convenção do PP era tema de reunião do Diretório, marcada para a noite da segunda-feira, 3. Pois não é que faltou quórum! De todo modo, mesmo informalmente, o encontro serviu para confirmar a candidatura de Pablo Pacheco à presidência da sigla. Grande vantagem, se é que haverá alguma disputa, é exatamente o fato de o edil não concorrer a nada em 2024.
DA REGIÃO
Foto: Nathália Schneider (Diário/Arquivo)
Mais para o fim do que para o começo de seu mandato à frente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), o prefeito de Restinga Sêca, Paulinho Salerno (foto), começa a se consolidar como liderança municipalista. O que pode indicar o futuro político do jovem militante do MDB gaúcho. Seria o caso de prestar atenção nele.
DA REGIÃO II
Foto: Reprodução
Um dos mais longevos militantes políticos gaúchos, João Luiz Vargas (foto), do PDT, prefeito de São Sepé, é outro dos líderes que começa a se destacar mais uma vez. Uma das razões é sua luta contra a privatização da Corsan, que atingiria diretamente os sepeenses. E também é cada vez mais influente no PDT da região. Sempre é ouvido por uns e outros. É a chamada voz da experiência.
PARA FECHAR!
De um internauta, em comentário publicado no meio desta semana, sobre as moções nacionalizadas apresentadas pelos parlamentares da comuna: “impressão é que alguns edis precisam de ‘polarização’ para se eleger. Serve inclusive de cortina de fumaça para a total inoperância do Casarão”. Pode-se concordar ou não, mas não há dúvida: observando as ações no Palacete da Vale Machado, faz todo o sentido.